A definição mais simples e direta que conheço da palavra avatar diz: “Encarnação de um ser divino”; simplista demais, até mesmo para referir-se aos avatares historicamente conhecidos, como o Krishna do hinduísmo ou o Jesus de nós, ocidentais. Não vou mencionar outros pra não espantar os leitores que bravamente resistiram a mais de quatro linhas deste cansativo prólogo.
Avatar, até onde consegui aprender, é um corpo físico, por meio do qual um ser manifesta a vida em um mundo ou dimensão, os quais não estejam preparados para recebê-lo... O próprio filme “Avatar” retrata, ainda que superficial e precariamente este conceito.
O meu Avatar por sua vez, carrega em si a essência do nome, cujo profundo significado as palavras não alcançam, e somente iniciados nas ciências herméticas entenderiam completamente.
Sem mim ele é apenas um barco, menos ainda, um corpo plástico flutuante, oco, boiando inerte preso à poita. Porém, quando subo a bordo, ele ganha vida... Respira, se mexe... Contorce-se a cada marola que passa... A adriça muda o tom das batidas no mastro, como quem diz: “O que estamos esperando?”
E sair com ele para o mar é a própria celebração da vida. Velejando-o sinto a energia fluir em sua plenitude por cada poro, cada fio de cabelo, cada estai e cada curva do casco... Sinto as ondas dividindo-se à proa como a me refrescar o peito, e o vento assoviar inflando as velas como a sussurrar seus segredos em meu ouvido... Nesse momento eu sou ele, e ele sou eu.
Empresto-lhe minha vida, minha paixão, meus sonhos e minha energia... E ele empresta-me sua anatomia perfeita, sua liberdade e seus horizontes. Juntos, vivemos. Através dele posso atender ao chamado do mar que ecoa em minhas entranhas desde a infância. Sempre soube que um dia teria um barco com esse nome, e minha primeira experiência marcante com esse barco não me deixou dúvidas... Era ele.
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